«Possue a nossa terra inúmeros bosques de azinheiras, sobreiros, castanheiros, carvalhos, pinheiros, alfarrobeiras, amendoeiras, aveleiras, nogueiras, oliveiras.
A azinheira e o sobreiro predominam no Alentejo como região mais seca; a primeira prefere os terrenos cálcarios, os sobreiros os graníticos. Há também azinheiras no Algarve, na Beira-Baixa (C. Branco), e nos terrenos xistentos dos concelhos de Bragança, Mogadouro, Moncorvo e Macedo, como até certo ponto o provam as designações locativas Izeda (iliceta) e Ligares (arc. Iligares: de ilex*); a sobreira domina igualmente no Sul do Tejo, e nos distritos de Lisboa, Santarém e Castelo-Branco. A toponímia prova, porém, que as mesmas árvores aparecem noutros territórios, já formando matas, já disseminadas: há Azinhal na Guarda, Azinheira em Leiria; sobreda na Beira Marítima e na Alta, Sobredo e Sobrosa no Alto-Minho, Sobrido no Baixo-Minho, Sobreira no Baixo-Douro, Sobreiral em várias províncias.
Propriamente, pelo menos no Alto-Alentejo, sobreira é um sobreiro corpulento e já decrépito; um sobreiro muito novo é um chaparro, d'onde veio para o onomástico Chaparral, e também Chaparralinho, e Chaparrinho, tudo no Sul. 1 (A um campónio do Alto-Alentejo ouvi a propósito a seguinte observação: "Os sobreiros mingúam, os chaparros crescem. Tal qual como na vida do homem. " )
No distrito de Bragança como me informa o Revº F. M. Alves, dá-se o nome de sardão à Quercus ilex, à qual também chamam carrasco. »
Sabe o que a Azinheira, o Carvalho e o Sobreiro têm em comum? São as bolotas!
A bolota é um fruto produzido por carvalhos, que é a designação comum das cerca de seiscentas espécies de árvores do género quercus.
O género quercus inclui entre outras árvores a azinheira, o carvalho e o sobreiro, que têm em comum as bolotas - o fruto característico dos carvalhos, que é tradicionalmente usado para alimentar os porcos, no Alentejo.
O alimento, na origem, dos melhores Presuntos
A carne de porcos alimentados com bolotas, é uma carne muito apreciada e valorizada no mercado. Esta carne é também perfeita para a preparação de presuntos, pelo sabor especial, que se atribui a uma alimentação baseada em bolotas.
Assim, a carne de porcos alimentados com bolota, no Alentejo, está na origem dos melhores e mais afamados presuntos nacionais.
O alimento dos Homens Invencíveis
Mas as propriedades alimentícias das bolotas já eram apreciadas pelos Lusitanos, e até outros povos mais antigos, da Península Ibérica, que as introduziram na sua alimentação.
Das bolotas, os lusitanos faziam a farinha que transformavam em pão e outras preparações culinárias.
A bolota era considerada o alimento dos homens invencíveis, pelas suas qualidades alimentares.
Porque “sobreviveram” o sobreiro e a azinheira à utilização excessiva dos restantes carvalhos?
O carvão de sobreiro tem um elevado poder calorífico e era muito usado como fonte de energia para fundir metais na Casa da Moeda e para produzir sabão e vidro. A sua procura para estas atividades, mas também para a construção naval, levou a que o seu corte começasse a ser proibido por decretos reais a partir de meados do século XVI, incluindo a “Lei das árvores” de 1565.
Nesta época, os montados eram sujeitos a diversos tipos de procura, potencialmente conflituosos entre si:
– a procura “aristocrática”: os nobres viam os montados como terrenos de caça grossa (urso, javali, veado, etc.), onde podiam passar tempo de lazer e de preparação para a guerra;
– a procura “popular”: os montados serviam como fonte de madeira, lenha, produção agrícola e zona de pastoreio extensivo, para a população em crescimento;
– a procura “comercial”: corte dos sobreiros para a construção naval, lenha para carvão e extração da cortiça para exportação com destino ao norte da Europa.
Nos finais do século XVII (1680), o monge beneditino de Reims, D. Pierre Perignon, descobriu que as rolhas de cortiça natural não saltavam, como as cavilhas de madeira e cânhamo embebidas em azeite, usadas até então para tapar as garrafas de Champanhe. As rolhas de cortiça passam assim a ser preferidas como vedante para as garrafas.
O interesse comercial pela cortiça, aliado à diminuição do rendimento dos cereais, falta de mão-de-obra e aumento da procura por carne de porco, impulsionou a aposta nos montados como sistema extensivo que permitia a produção simultânea de cortiça, pastagens para o gado e produção de cereais.
J. L. de Vasconcelos in Etnografia portuguesa. Lisboa : I N-C M, 1958-1988. Vol. II, pp. 6o e 61
https://dias-com-arvores.blogspot.com/2004/09/azinheira-e-o-sobreiro.html
https://www.reformaagraria.pt/blog/o-que-azinheira-carvalho-sobreiro-tem-em-comum/
https://florestas.pt/saiba-mais/porque-sobreviveram-o-sobreiro-e-a-azinheira-a-utilizacao-excessiva-dos-restantes-carvalhos/
A Dieta Mediterrânica abrange um conjunto de competências, conhecimentos, rituais, símbolos e tradições relativos ao cultivo, colheita, pesca, criação de animais, conservação, processamento, confeção e, em especial, partilha e consumo dos alimentos. Comer juntos está na base da identidade cultural e da continuidade das comunidades em toda a bacia do Mediterrâneo. É um momento de troca social e comunicação, uma afirmação e renovação da identidade da família, do grupo ou da comunidade. A Dieta Mediterrânica enfatiza valores como a hospitalidade, a vizinhança, o diálogo intercultural e a criatividade, bem como um modo de vida pautado pelo respeito pela diversidade. Desempenha um papel vital em espaços culturais, festivais e celebrações, reunindo pessoas de todas as idades, condições e classes sociais. Abarca o artesanato e a produção de recipientes tradicionais de transporte, preservação e consumo de alimentos, incluindo pratos de cerâmica e copos. As mulheres desempenham um papel imp...
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